Eu tenho grandes problemas com Laranja Mecânica. Maiores do que os com 2001: Uma Odisséia no Espaço.
Na verdade, acho que esse é um problema que tenho com Kubrick. A maioria dos filmes que eu vejo dele (com uma ou outra exceção) eu saio completamente apático. Durante o filme, eu não consigo me sentir preso à história, aos personagens, ao argumento ou à situação. Acho filmes belos, sim, mas distantes, praticamente irreais. Senti isso com De Olhos Bem Fechados também, e Barry Lindon.
Mas Laranja Mecânica transborda a minha antipatia. Algo como Trainspotting, mas ao menos esse tem alguns méritos. Acho toda a obra controversa de Kubrick uma total inexpressividade de argumento. A sociedade que reprime a natureza? Kubrick fez isso melhor em O Iluminado. A beleza da violência? Não, não é não. Eu não peguei a ideia de Laranja Mecânica, assim como eu não consegui apreciar nem três segundos de filme. Muito, muito belo colocar Beethoven em cenas de ultraviolência e sexo. Ou Cantando na Chuva num estupro.
Pra mim, Laranja Mecânica é Kubrick fazendo pouco de todo o cinema que não seja dele. Talvez seja isso que mais me irrite nesse filme. E eu já vi coisa muito melhor.
P.S.: não venha me dizer que Laranja Mecânica é filme pra poucos ou que só os bons encontram significados. Eu consegui encontrar significado até em Film Socialisme e As Quatro Voltas.
- Prós: Beethoven na trilha-sonora.
- Contras: todo o resto.
- Veredicto: Laranja Mecânica é um desses inquestionáveis clássicos do cinema que eu não consigo apreciar de forma alguma. Esse, em especial, eu nem tento.
Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971). Estados Unidos, Reino Unido. Escrito e dirigido por Stanley Kubrick; fotografado por John Alcott; editado por Bill Butler, Gary Sheperd, Peter Burgess; com Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Warren Clarke, John Clive, Adrienne Corri, Carl Duering.
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