Eraserhead (1977)

Eraserhead é um pesadelo. E não, isso não é um sinônimo pra filme ruim. Ele é literalmente um filme retratando um pesadelo dos mais estranhos.  Personagens desfigurados, ambientes claustrofóbicos, e uma coisa que devia ser um bebê prematuro, mas realmente não dá pra descrever com exatidão.

Isso é Eraserhead: a transcrição de um pesadelo em um filme. Não que a história seja de terror, ou que coisas ruins aconteçam, nem sempre um pesadelo precisa te assustar com mutilações ou assassinos em série em uma noite escura. Como em Eraserhead, um pesadelo pode só te perseguir com o lado mais estranho de sua mente. E esse é o lado estranho dos sonhos de David Lynch.

David Lynch é conhecido por tratar extensivamente de obras que são, basicamente, sonhos. Cidade dos Sonhos e Império dos Sonhos são seus filmes mais geniais, que são aquele turbilhão de emoções diversas que temos quando dormimos: risos, estranhezas, tristezas, medos, euforias. Seu cinema é especial por conseguir exprimir essa sensação de grandiosidade do sonho. Eraserhead, seu primeiro filme, é meio que um David Lynch querendo explorar seu sonho mais estranho, que mais o prendeu na cama — e não porque o quis, mas porque pesadelos são difíceis de acabar. Eraserhead é um horrível pesadelo, mas um ótimo filme.

• Prós: toda a estranheza estética e de produção que é Eraserhead;
• Contras: ele é realmente difícil de assistir.
• Veredicto: perturbador e chocante de tão provocador, Eraserhead é o primeiro filme de David Lynch que faz justamente o que um filme de estréia deveria fazer pra ele: apresentar o seu tema favorito — e da maneira mais memorável possível.

Eraserhead (1977), Estados Unidos. Escrito e dirigido por David Lynch; fotografado por Herbert Cardwell, Frederick Elmes; editado por David Lynch; trilha-sonora composta por David Lynch; com Jack Nance, Charlotte Stewart, Allen Joseph, Jeanne Bates, Judith Anna Roberts, Laurel Near.